sexta-feira, 27 de março de 2020

ELES NÃO SÃO IDIOTAS

Eles não são idiotas
Desde que o diretor geral da OMS, Tedros A. Ghebreyesus avisou que estamos passando
por uma pandemia, vários infectologistas e epidemiologistas avisaram que a velocidade de
propagação do vírus era enorme e que a quarentena é uma questão de sobrevivência pois
nenhum sistema de saúde no mundo poderia dar conta de atender à todos os infectados.
No entanto, muitos resolveram negar a gravidade da situação e passaram a apresentar
justificativas baseadas na queda da produção econômica e seus danos. Negar que sobreviver
é mais importante do que manter a produtividade, empregos, etc. não é uma mera idiotice.
Demorar a ver a gravidade de uma situação tem a ver com a maneira como a pessoa lida com
o que pode afetar seu senso de equilíbrio, o risco. Enquanto alguns são (até excessivamente!)
previdentes cuidando preventivamente da saúde e da sua segurança financeira, outros vão
em frente sem imaginar que possam ser afetados. Quando os prédios da Muzema caíram
um engenheiro especialista em construção em áreas vulneráveis disse que "o brasileiro
tende a ter baixa percepção de risco". Ou seja, tende a se proteger do infortúnio através
do pensamento mágico. Isso é assim em todas as classes sociais. Ricos, classe média ou
pobres. Os incautos sempre têm uma defesa (racionalização) para não aceitar que precisam
se reorientar, reposicionar e/ou se reinventar. Enfrentam precariamente seus medos atacando
os mensageiros. Quando estão perto de perceber que suas próprias conclusões estavam
erradas, pois a realidade se mostrou discrepante, passam a se defender com agressões e
xingamentos. Até então, supostamente ainda estão no controle da situação. O analista sabe
que estão se defendendo de uma percepção traumática que pode se despertar profundamente
trazendo desespero, dor, pânico e desamparo. Eles não são idiotas porque negaram o perigo!
Estavam apenas se defendendo para não cair no desamparo emocional. Só que, quanto mais
se aproxima o aspecto crítico da situação, mais agressivos tendem a se tornar. Portanto,
não alimentar polarizações politico ideológicas nessa hora é uma boa forma de evitar que
a pandemia vire um pandemônio. Paciência com os incautos pois eles não são capazes
de enfrentar o perigo sem se deixar devastar. Logo terão que recuar diante do óbvio. E aí,
precisarão mais de amparo do que de críticas. Afinal de contas, "as coisas caem por seu próprio
peso"! A. Ricardo Teixeira Psicólogo clínico.

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