Atitude
Os manuais de
psicopatologia estão cheios de descrições de características psicológicas que, se colocadas numa linha temporal, a
partir do nascimento até a vida adulta, descrevem distintos níveis de compreensão
de si mesmo e da realidade externa, (dos outros). Partimos do egocentrismo
infantil para a capacidade de simbolizar
e se colocar no lugar do outro. Da exigência de satisfação imediata para a
capacidade de esperar e obter resultados a médio e longo prazo. O processo de
formação do adulto, no sentido pleno da palavra, pressupõe vivências de
satisfação e de interdição das mesmas em favor de traços de personalidade mais
maduros, que permitem realizações mais complexas. Autoconfiança decorre da
resolução e renúncia das tendências
primitivas. Supondo que uma pessoa, em idade adulta, desprovida de complicações
neurológicas ou psiquiátricas, não tenha se
desenvolvido a ponto de transcender ao egocentrismo infantil, teremos
então um 'falso adulto'; alguém incapaz de colocar seus objetivos e metas acima
dos sentimentos. Vive numa depressão constante porque manipula a realidade
interna em favor da sua vitimização e da obtenção fantasiosa de gratificação
primitiva. Sua atitude é sempre passiva, insegura, evitativa e reforçadora do
sentimento de fracasso e baixa autoestima. Alguns são tão infantilizados que agem como se os demais estivessem muito interessados nas suas funções fisiológicas e doencinhas tipo sono, resfriados, etc. Muitos chegam à maturidade sem
perceber e se deparam com grandes problemas de enfrentamento da realidade, sem
dinheiro, sem aposentadoria... Curiosamente, desenvolvem uma extrema soberba e
orgulho que aparecem claramente quando não são tratadas como desejam. Ou quando
têm que enfrentar uma doença ou a própria sobrevivência. Psicoterapia e medicamentos psiquiátricos
funcionam parcialmente, porque têm baixo nível de compreensão de si mesmo e dos
processos existenciais. É muito difícil promover uma mudança significativa em
pessoas assim, pois resistem bravamente
ao que mais precisam: mudança de ATITUDE. Enfrentar dor, preguiça e a
própria má vontade para viver construtivamente, deixando que os bons
sentimentos resultem de ações positivas é quase impossível quando o que se
deseja é continuar sendo objeto infantilizado do desejo do outro.