quarta-feira, 27 de julho de 2016

Homens, Acordem! II

Homens, acordem! II

A alegria de ser homem e mulher, na relação amorosa  e  nas novas parcerias (homo e hetero) passa por uma série de estágios onde o brincar e a realidade se alternam de tal forma que a criatividade não se vê comprometida pelo medo de ser. Isso por si só é transformador. Não se deve  ser duro demais com os neuróticos mais comprometidos pois não têm consciência das motivações infantis que os movem a serem o que são. Mas, precisamos de choques de realidade capazes de despertar a consciência de que os joguinhos de amor aprendidos na infância não servem para dar  sustentabilidade a relação amorosa, que requer capacidade de transformação e criatividade. Os menininhos e menininhas que faziam performances de amor para seus pais e professores atuam inconscientemente  nos adultos trazendo o efeito contrário da sua demanda. O “principezinho da mamãe” acaba por decepcionar a mulher adulta que  quer um parceiro capaz de compartilhar as responsabilidades e alegrias do viver. Principalmente quando há filhos. Igualmente, a “queridinha do papai” não é capaz de dar ao homem o amor de uma mulher e só exige mimos e paparicos ou, quer uma relação dessexualizada. Uma das  duas moças que convivem há vários anos num relacionamento já cansou de representar seus jogos infantis e pede por mudanças. Mas, sua parceira não é capaz de acompanhar pois está dominada pelo desejo infantil de ser protegida. Estas parcerias tendem a se tornar estéreis e competitivas. A vida se esvai. Falta a todos a consciência de que o faz-de-conta da infância não dá mais conta. Pelo contrário. Traz desapontamento. Aquele que não se reconhece responsável, capaz de responder por si mesmo permanece  infantil e fantasioso, desprovido de energia para amadurecer. Opta pela esperança em lugar da experiência. Vida viva é desafio! Do contrário, que merda! 

Homens, acordem!

Homens, acordem!

Dirijo-me a alguns homens. Não todos. Assim como não existe “a” mulher, também não existe mais “o” homem. Há homens e mulheres. Dirijo-me aos patéticos, preguiçosos, frouxos, prepotentes, infantis, desprovidos de sensibilidade e senso crítico que convivem com mulheres corajosas, que fazem terapia, buscando superação, transcendência para viverem uma vida viva. O masoquismo desenvolvido em suas mentes infantis não vai durar para sempre. Vai dar lugar a um desejo de transformação que rompe com a aliança patológica formada entre o masoquismo e o comodismo de seus companheiros paradoxais. Porque não as acompanham em suas buscas por uma vida de que se possa se orgulhar. Movam -se deste atoleiro egocêntrico e tratem de buscar mais liberdade para romper com o modelo de relacionamento adquirido de pais neuróticos e ultrapassados. Coragem! Aprendam a escutar seus sentimentos e a enfrentar o menininho medroso que pede que suas mulheres sejam mães protetoras de seus fracassos existenciais. Elas não vão mais agirem como avalistas do seu faz-de-conta insuportável. Coragem, seus frouxos. Parem de brincar de casinha onde o seu heroísmo fajuto não se sustenta mais. As mulheres que se tornam donas de si querem homens capazes de surfar nas ondas de transformação que o oceano da existência produz. O mesmo vale para os homens que não se acomodaram nos papéis congelados. Também não sustentam relacionamentos com mulheres acomodadas. Viver é fluir e pulsar! O resto é mortificação.

Genitalidade e poder II

Genitalidade e poder II
O poder das técnicas em psicoterapia: Interfaces e Interações

Uma questão sempre se impôs para aquele que não vê o campo clínico como um devoto vê seu modo de pertencer à sua seita, mas sim como um campo de investigação. O que tem mais poder de transformação? A fala, quando alcança o não dito através de uma escuta carregada de um certo desejo (do analista)? O transe que, se bem conduzido leva a novas formas de encarar o problema? O contato/consciência das sensações corporais despertando e liberando energias congeladas? A expressão de emoções reprimidas? O questionamento de crenças e valores irracionais que deturpam a autoimagem levando a comportamentos destrutivos ou inadequados?  O sentir-se compreendido e apoiado pelo clínico? As interpretações que levam o eu a considerar outros modos de se relacionar com o sintoma e com a própria ideia de si mesmo? O aprendizado de novas formas de lidar com a realidade? Reviver o drama de cada experiência importante de vida, desde o nascimento, produzindo efeitos repara dores e liberadores? Ou fazer contato com lembranças traumáticas interagindo com os diversos elementos que a compõem tais como: imagens, crenças, emoções e sensações corporais, estimuladas por movimentos oculares? Recuperar a pulsação e o fluxo energético em cada parte do corpo onde residem bloqueios ou desligamento energético permitindo assim que as palavras fluam juntamente com as emoções e sensações despertando funções adormecidas tais como: perdão a si mesmo e aos pais, dar e receber, gratidão, entender e sentir simultâneos, entrega e fé na vida, alegria de viver, capacidade de se reconhecer em união e em separação, criatividade e independência. Tudo isso e muito mais parece que foi sistematizado e enfatizado por diversas escolas de psicoterapia de modo independente. Devido ao isolamento auto imposto pelas escolas que se comunicam de forma precária ou competindo por sua fatia de verdade e competência, torna-se um sonho imaginar um modelo de psicoterapia que saiba privilegiar as diferenças e circunstâncias de cada pessoa, oferecendo-lhe um tratamento voltado ao que é necessário no momento. Tal modelo, hoje só pode ser feito de interfaces e interações. Portanto o poder da técnica reside no fato desta ir ao encontro do que é necessário e que o cliente pode responder. (A. Ricardo Teixeira)

Genitalidade e poder I

Genitalidade e poder

W. Reich aprofundou o conceito freudiano de genitalidade agregando-lhe mais elementos significativos ao perceber que a capacidade natural de entrega orgástica, que resulta numa “pequena morte” da consciência, é uma das condições fundamentais que expressam saúde. (Tal condição está longe de representar perfeição! Pois perfeição é uma meta do narcisismo secundário.) Genitalidade é uma capacidade que, mesmo alcançada em um processo terapêutico bem conduzido, deve ser sempre atualizada pois pode ser perdida facilmente para o aprendizado do funcionamento anterior ou por passar por experiências traumáticas atuais. Uma das formas de compensar esta perda ou o insucesso em alcançar a expressão mais plena de si mesmo é a busca pelo “poder”. A busca obsessiva pelo poder é uma das formas de maquiar a percepção do fracasso em se sentir capaz de viver genitalmente, de forma madura. Como pouquíssimas pessoas foram criadas para viver deste modo, o que se pode alcançar, com um processo em que se evolua nesta direção é a capacidade de aceitar a coexistência entre os diversos aspectos de nossa experiência neste mundo, sem excluir (conscientemente) nada. Tristeza, nostalgia, angústia, raiva, alegria, prazer e medo diante de ameaças reais são emoções naturais e parte integrante do nosso funcionamento. Quem busca poder pelo poder, evita sentir o que pode revelar sua natureza mais genuína. Portanto, quem decide resgatar sua genitalidade não irá para o “céu de Reich”, mas sim, continuará existindo de modo realista e capaz de se reinventar. Se tiver alguma capacidade que a leve a buscar um lugar de poder onde possa manifesta-la esta terá uma finalidade bem específica, mas nenhum caráter narcisista compensatório. (A. Ricardo Teixeira)

Terapeuta: um restaurador de obras de arte

Terapeuta: um restaurador de obras de arte

Se um psicoterapeuta/analista trabalha desde uma perspectiva em que reconhece que a autenticidade de uma pessoa é a mais importante das realizações humanas, irá trabalhar como um restaurador de obras de arte que reúne três qualidades fundamentais: tem sensibilidade para reconhecer o valor único de cada obra, entende seu contexto histórico e as influências que a constituíram e conhece técnicas que lidam com os materiais que a formam libertando-as dos desgastes e rupturas causadas pelas avarias do tempo. Se alguém tenta viver desde o destino que sua condição lhe impôs, não vive. De fato, apenas sobrevive e se desgasta. As terapias que se preocupam apenas com a adaptabilidade ao mundo desconhecem a riqueza interior de cada ser humano. Viver desde a sua singularidade é a maneira possível de se realizar pois cada um é único em seu ser. Disso depende a arte de existir, criativamente. (A. Ricardo Teixeira)