quarta-feira, 27 de julho de 2016

Genitalidade e poder I

Genitalidade e poder

W. Reich aprofundou o conceito freudiano de genitalidade agregando-lhe mais elementos significativos ao perceber que a capacidade natural de entrega orgástica, que resulta numa “pequena morte” da consciência, é uma das condições fundamentais que expressam saúde. (Tal condição está longe de representar perfeição! Pois perfeição é uma meta do narcisismo secundário.) Genitalidade é uma capacidade que, mesmo alcançada em um processo terapêutico bem conduzido, deve ser sempre atualizada pois pode ser perdida facilmente para o aprendizado do funcionamento anterior ou por passar por experiências traumáticas atuais. Uma das formas de compensar esta perda ou o insucesso em alcançar a expressão mais plena de si mesmo é a busca pelo “poder”. A busca obsessiva pelo poder é uma das formas de maquiar a percepção do fracasso em se sentir capaz de viver genitalmente, de forma madura. Como pouquíssimas pessoas foram criadas para viver deste modo, o que se pode alcançar, com um processo em que se evolua nesta direção é a capacidade de aceitar a coexistência entre os diversos aspectos de nossa experiência neste mundo, sem excluir (conscientemente) nada. Tristeza, nostalgia, angústia, raiva, alegria, prazer e medo diante de ameaças reais são emoções naturais e parte integrante do nosso funcionamento. Quem busca poder pelo poder, evita sentir o que pode revelar sua natureza mais genuína. Portanto, quem decide resgatar sua genitalidade não irá para o “céu de Reich”, mas sim, continuará existindo de modo realista e capaz de se reinventar. Se tiver alguma capacidade que a leve a buscar um lugar de poder onde possa manifesta-la esta terá uma finalidade bem específica, mas nenhum caráter narcisista compensatório. (A. Ricardo Teixeira)

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